Saúde Mental: ultrapassar barreiras para garantir a segurança

4 Fevereiro, 2021

No âmbito do 10º Aniversário do Blog “Segurança do Doente” o Grupo de Trabalho de Fisioterapia em Saúde Mental da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas enviou um contributo relativo à sua visão da segurança no contexto da saúde mental, abordando os resultados do seu recente estudo sobre os desafios sentidos por estes profissionais na prestação de cuidados de Fisioterapia a pessoas com demência e défice cognitivo durante a pandemia por COVID-19:

 

Resultado de uma situação ímpar que vivemos, no contexto de uma pandemia repleta de notícias sensacionalistas e de conteúdo disfarçado, é altura de parar! É tempo de refletir sobre as experiências e o cansaço que a comunidade mais frágil, como a geriátrica, já começa a evidenciar. É da nossa responsabilidade garantir a segurança de contextos muito específicos desta comunidade, por se conhecer o cancelamento de todas as estruturas de suporte a estas pessoas e famílias. E se nestes contextos específicos quisermos apreciar o risco agravado dos idosos com quadros demenciais, o cenário pode ainda ser mais preocupante.

Note-se que estas pessoas dependem de programas de reabilitação contínuos, a longo termo, que englobem as famílias e todos os stakeholders. Conhecedores desta realidade, a Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (APFISIO), especificamente o Grupo de Trabalho de Fisioterapia em Saúde Mental, desenvolveu uma sondagem em novembro de 2020 aos fisioterapeutas portugueses a trabalharem nesta área, pedindo que identificassem as barreiras e o impacto da pandemia por SARS-CoV-2 nesta população. Os resultados, do ponto de vista destes profissionais especializados, merecem algum destaque.

As principais barreiras identificadas ao estímulo e reabilitação destas pessoas foram a interrupção abrupta dos processos de reabilitação, a quebra na rotina da pessoa com demência e do cuidador e a alteração severa das interações sociais. Já como principais impactos da pandemia, estes profissionais identificaram o agravamento do estado clínico (incluindo o desenvolvimento de comorbidades) da pessoa com demência, o agravamento do risco de queda e o decréscimo nas oportunidades na prática de atividade física. Na apreciação destes resultados, parece claro que a segurança desta comunidade e das suas famílias está a ser severamente penalizada e algumas ações devem ser já desenvolvidas, prevenindo o agravamento da dependência funcional e da sobrecarga das famílias. É absolutamente necessário reunir equipas multidisciplinares locais que desenvolvam linhas de ação específicas e de proximidade para fazer face a estes desafios. O tempo não espera, pelo contrário, o tempo urge e as medidas a tomar devem ser de caráter urgente!

Entrar na Área Reservada
Acesso à Área Reservada

Por favor indique o seu número de Associado e o seu NIF.