15 Abril, 2020
Os desafios colocados pela pandemia COVID-19 ao sistema de saúde português são enormes e põe à prova a sua capacidade de resposta.
Apesar de 5% das pessoas afectadas com COVID-19 necessitar de cuidados intensivos, onde o papel do fisioterapeuta é indiscutível, aproximadamente 80% das pessoas infectadas irão apresentar sintomas ligeiros a moderados com potencial de resolução no domicílio; e aproximadamente 15% poderão desenvolver uma patologia grave, com necessidade de hospitalização e suporte de oxigénio, embora sem necessidade de cuidados críticos.
O quadro sintomatológico característico dos pacientes nos contextos de internamento hospitalar ou isolamento domiciliário, é marcado por dificuldade respiratória, febre, tosse e cansaço, e pela diminuição abrupta da atividade física e descondicionamento físico, a intervenção do Fisioterapeuta é amplamente recomendada. Para estas pessoas, o acesso a cuidados de Fisioterapia é assim fundamental para acelerar o processo de recuperação, particularmente, nos casos de pessoas com várias patologias, onde as limitações funcionais consequentes poderão ser graves e permanentes. Em contexto de recuperação pós-alta, as pessoas com COVID-19 podem apresentar baixa condição física, dificuldades respiratórias relacionadas com o exercício, atrofia muscular, dor e alterações posturais. Assim, a Fisioterapia é fundamental também nesta fase, com efeitos comprovados na recuperação da tolerância ao esforço, aumento da funcionalidade, melhoria da qualidade vida e auto-eficácia.
Naturalmente que, pelo risco de propagação do vírus, o recurso à telefisioterapia, ou seja, a reabilitação de pessoas à distância usando tecnologias de informação e comunicação, ou por telefone, deve ser sempre equacionado e, em caso de necessidade de intervenção presencial, todas as normas de segurança recomendadas pelas autoridades de saúde deverão ser implementadas. Apesar de, até à data, esta não ser uma modalidade muito divulgada, a telefisioterapia tem sido amplamente utilizada, tanto em contextos agudos como crónicos, e inclui avaliação, educação, monitorização e exercício físico e/ou treino funcional. Com a telefisioterapia, as intervenções de Fisioterapia podem ser fornecidas em streaming, com feedback imediato à pessoa, estando já demonstrado que a intervenção precoce é fundamental para atingir resultados satisfatórios. Esta modalidade pode, na situação atual em que vivemos, constituir uma resposta adequada para aumentar o acesso aos cuidados de Fisioterapia fundamentais à recuperação da pessoa com COVID-19.
A Associação Portuguesa de Fisioterapeutas relembra que tem disponível uma bolsa de 273 Fisioterapeutas voluntários para contribuir para o aumento da resposta às necessidades evidentes do Serviço Nacional de Saúde face a esta pandemia, com fisioterapeutas experientes na gestão de pessoas com doença respiratória, capazes de intervir na pessoa infetada com COVID-19.
P´lo Conselho Directivo Nacional da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas