30 Março, 2020
Atendendo à pandemia COVID-19 e ao seu impacto no sistema de saúde português, muitos desafios se colocarão à sua capacidade de resposta.
A Fisioterapia é essencial nos doentes infetados, inclusivamente em contexto crítico, e intervém na condição respiratória de pessoas não só em ventilação espontânea, mas também em pessoas em ventilação mecânica invasiva (VMI) e não invasiva (VMNI). O papel do fisioterapeuta está claramente descrito nas recomendações de entidades internacionais como a European Respiratory Society (ERS) e European Society of Intensive Care Medicine (ESICM), que referem a intervenção da Fisioterapia como sendo suportada pelo mais alto nível de evidência científica e que tem por objetivo primordial a otimização da ventilação e da oxigenação destes pacientes.
Existe indicação para a avaliação e intervenção da Fisioterapia, mesmo na fase aguda da doença nas Unidades de Cuidados Intensivos, e a sua atuação potencia ganhos, não só em saúde, mas também a nível económico através da diminuição do tempo de hospitalização da pessoa com pneumonia provocada pela COVID-19. É importante salientar que o papel do fisioterapeuta nestas unidades é reconhecido, sendo uma realidade na maioria dos países da Europa e fora dela. Os fisioterapeutas a trabalhar nas Unidades de Cuidados Intensivos em Portugal são, infelizmente, um número reduzido face às necessidades que estamos a vivenciar.
Nesse sentido, atendendo ao reduzido número de fisioterapeutas a atuar no Serviço Nacional de Saúde, especialmente se considerarmos a presença de fisioterapeutas em contexto de Unidades de Cuidados Intensivos, pareceu-nos fundamental a disponibilização de uma bolsa de fisioterapeutas que já se voluntariaram para contribuir para o aumento da resposta às necessidades evidentes do Serviço Nacional de Saúde face a esta pandemia. Nesta bolsa incluem-se 63 fisioterapeutas com experiência prévia em Unidades de Cuidados Intensivos, que possuem as competências necessárias para intervir na pessoa infetada com COVID-19 neste contexto. Esta bolsa inclui ainda outros 210 fisioterapeutas voluntários, experientes na gestão de pessoas com doença respiratória em diferentes contextos, aos quais será fornecida formação específica em cuidados intensivos, já em operacionalização, para aumentar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde.
A Associação Portuguesa de Fisioterapeutas fez saber junto do Ministério da Saúde e da Direção Geral da Saúde desta disponibilização de recursos e aguarda indicação para operacionalizar a disponibilização destes recursos humanos altamente qualificados ao serviço da saúde destes doentes.
P´lo Conselho Directivo Nacional da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas